Resenha por Nicholas Merlone
Estimados(as) leitores(as)! É com grande satisfação que realizo uma breve resenha da obra Direito e Liberdade,
coordenada pelo colega de PUC/SP, Luís Frederico Balsalobre Pinto, com
apresentação pela Professora Doutora Márcia Cristina de Souza Alvim.
Mais especificamente sobre o capítulo: Os Limites da Liberdade Cognitiva do Jurista e a Parcialidade Inconsciente: Análise a Partir do Caso Dreyfus. Elaborado pelo coordenador da obra e Maria Fernanda Balsalobre P. Cusciano.
Em síntese, o estudo específico dos
autores aborda as possíveis assimetrias na valoração das provas e
aplicação da Lei sob o prisma dos vínculos sociais e linguísticos, onde
se inclui o aplicador da Lei, assim como quais soluções teóricas
poderiam inibir tal ocorrência. Para tanto, os autores partem das bases
de John Rawls e Jurgen Habermas para alinhar as possíveis soluções
teóricas para o caso em pauta. Finalmente, recorrem ao caso Dreyfus como
elemento empírico para expor os argumentos.
Nesse panorama, os autores inauguram as reflexões, relembrando o caso Dreyfus.
Lembram, assim, que no final do século XIX um imbróglio judicial modificou para sempre a trajetória política da França.
O Capitão Alfred Dreyfus de origem judaica
foi condenado injustamente por alta traição, levando a uma forte
comoção social contra os judeus franceses. Posteriormente, com a
descoberta da inocência do Capitão, uma intensa reação ocupou as ruas da
França, com a participação dos movimentos anticlerical e
antimonárquico. Não custa lembrar também que o caso foi tornado eterno
no texto de Émile Zola, “J’accuse” e , no Brasil, Rui Barbosa o
descreveu em seu “O processo do caso Dreyfus”.
Na ocasião, o Poder Judiciário francês
tinha ligação com o clero e com a monarquia. Diante do ocorrido, sofreu
impacto de modo a remodelar as relações políticas da França, a partir de
então. Com isso, pode-se compreender algumas constatações derivadas do
caso: o antissemitismo, a fraude processual, a necessidade de
publicidade dos julgamentos, a liberdade de imprensa e sua relevância, a
queda da monarquia francesa, como exemplos.
Portanto, sem mais spoilers, aponto que o
artigo dos autores trata, assim, da vinculação do aplicador da Lei a um
particular contexto social e linguístico, e a forma como essa vinculação
impacta a aplicação do Direito, assim como as hipóteses teóricas que
desejam inibir esse evento.
Sendo assim, recomendo a leitura do artigo
dos autores – tema de grande importância, histórico e sem perder a
relevância nos dias atuais. Boa leitura! (veja aqui)
Luís Frederico Balsalobre Pinto – Advogado. Especialista em Processo Penal – Fadisp e mestrando em Direito Penal pela PUC/SP. Endereço eletrônico: luisfred20@hotmail.com
Maria Fernanda Balsalobre P. Cusciano – Promotora de Justiça do Estado de São Paulo. Especialista em Direito Constitucional pela PUC/SP.
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